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Dias de Guerra, Noites de Amor
CrimethInc

(Con)-texto e idéias apropriadas e distribuídas
por Tristan Tzaratrusta e Stella Nera


I. Propriedade intelectual


Temos sido ensinados desde a nossa juventude que não há nada novo sob o sol. Sempre quando uma criança tem uma idéia excitante, uma pessoa mais velha é rápida em apontar ou que essa idéia foi tentada antes e não funcionou ou que alguém mais não apenas teve essa idéia, mas que desenvolveu e expandiu-a em níveis que a criança nunca poderia fazer. "Aprenda e escolha as idéias que já estão em circulação, mais do que procure e desenvolva as suas próprias." é a mensagem, e essa mensagem é vendida claramente pelos métodos de instrução usados tanto nas escolas públicas quanto nas privadas oeste adentro.
Apesar desta atitude vulgar, ou por causa dela, nós somos muito possessivos sobre nossas idéias. O conceito de propriedade intelectual é inerente à psicose coletiva até mais profundamente do que o conceito de propriedade material. Muitos pensadores afirmam que "propriedade é roubo" mas poucos deles atrevem-se a fazer declarações similares sobre suas próprias idéias. Até o mais "radical" dos pensadores têm orgulhosamente clamado suas idéias como, primeiro e pioneiramente, as idéias dele.
Conseqüentemente, poucas distinções são feitas entre pensadores e seus pensamentos. Estudantes de filosofia vão estudar a filosofia de Descartes, estudantes de economia vão estudar Marx-ismo, estudantes de arte vão estudar as pinturas de Dali. Pior do que isso, o culto da personalidade que se desenvolve entre os famosos pensadores previne qualquer consideração útil das suas idéias ou das obras de arte; heróis partidários dessa onda jurarão fidelidade a um pensador e suas idéias, enquanto outros que têm alguma objeção ao "dono" têm um trabalho duro procurando não ser preconceituosos contra as idéias em si mesmas.
Os próprios preceitos na base do conceito de "propiedade intelectual" precisam de mais atenção do que temos dado a eles. Os fatores que afetam o texto e as ações de um indivíduo são muitos e variados; não menos é seu clima sócio-cultural e a imposição de outros indivíduos.
Dizer que qualquer idéia tem suas origens solo na existência individual de um homem ou de uma mulher é, grosseiramente, simplificar demais.
* Isso é realmente uma assertiva problemática, desde que o julgamento "roubo é errado" depende da suposição "respeito à propriedade é certo"

Todavia, estamos tão acostumados à chamar de 'meu' um íten ou um objeto e sendo forçados à aceitar isso para os outros, que no gargalo conpetitivo que é a economia de mercado, parece natural fazer o mesmo com idéias. Certamente ocorrem distintos modos de pensamento à cerca da origem e da posse de idéias... para nossa presente proposta indecente elas mostram-se mais do que meras distrações das próprias idéias.
Nossa tradição de reconhecimento de "direitos de propriedade intelectual" é perigosa pois resulta na deificação do "pensador" e "artista", a celebridade, que fica nas costas do resto das pessoas. Quando idéias são sempre associadas com nomes próprios (e sempre os mesmos nomes próprios), essa questão sugere que pensamento e criatividade são habilidades especiais pertencentes à um grupo seleto de poucos indivíduos. Por exemplo, a "glorificação do artista" na nossa cultura, a qual inclui o estereótipo de artista como excêntricos"visionários" que existem à margem(a vanguarda) da sociedade encoraja as pessoas a acreditar que artista são significativamente e fundamentalmente diferentes de seres humanos. Na realidade ninguém pode ser um artista e todo mundo o é, por tabela. Mas quando somos levados a crer que ser criativo e pensar criticamente são talentos que somente alguns poucos indivíduos possue, aqueles de nós que não são afortunados o suficiente para terem sido batizados de "artistas" ou "filósofos" por nossas comunidades não farão muito esforço para desenvolver essas habilidades. Conseqüentemente somos dependentes das idéias dos outros para muitas das nossas próprias idéias e temos que ser classificados como espectadores dos seus trabalhos criativos.
Outra contrapartida da nossa associação de idéias com indivíduos específicos é que isso promove a aceitação dessas idéias no seu estado original. Os estudantes que aprenderam a filosofia de Descartes são encorajados a aprende-la na sua forma padrão, antes do que aprende-la em partes que achem relevantes para suas próprias vidas e interesses, combinando essas partes com idéias de outras pesquisas. Fora da referência ao autor original, definindo-o como ele é a nossa tradição, seus textos e teorias são para serem preservados tais como são, sem nem mesmo serem postos em novas formas ou contextos que possam revelar novos insights. Mumificadas como são, muitas teorias começam a tornar-se completamente irrelevantes com relação à existência moderna, quando poderiam dar uma nova guinada à vida sendo tratadas com menos reverência.
Então nós podemos ver que nossa aceitação da tradição da `propriedade intelectual` tem efeitos negativos sobre nossos esforços para pensar criticamente e aprender da nossa herança filosófica e artística. O que podemos fazer para começar a pensar nesse problema?
Uma das possíveis soluções é o plágio.

Crimethinc   Este texto foi originalmente publicado por CrimethInc.


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